terça-feira, 23 de março de 2010

O contador de histórias


Eis aí o homem que fala sobre coisas que já passaram. De dias e situações que ninguém mais lembra, de palavras que ninguém mais escuta.

Nas longas horas em que me sento pra ouvir as histórias do velho sonhador, perdidas no passado distante. Histórias que evocam sombras de dias que há muito deixaram de existir. Ecos de palavras que foram ditas por bocas que estão mudas há décadas.

Leio a saudade nos olhos cinza esverdeados que marejam ao sabor das lembranças, de momentos que nunca mais voltarão.

Meu caro senhor de brancas barbas e olhos marejados, dencanse seu coração. Sentarei a seus pés e ouvirei suas histórias, verdadeiras ou não, como se teu filho fosse, como se teu confidente fosse.
Assenta-te em tua soleira e viaje nos sonhos evanescentes do lajedo escaldante, dos sorrisos e da alegria que te deixaram só. Sobreviveste à chibata do tempo e suas injúrias, muitos ficaram pelo caminho e tua angústia não foi pouca. Poucos restam dos que ainda recordam tuas aventuras.
Ah, meu velho contador de histórias.

Descanse.
Tuas histórias estão a salvo comigo.

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