sexta-feira, 28 de maio de 2010

Eu e o vinho


Essa é uma noite daquelas em que acabo de saborear um bom vinho, uma boa massa e agora desfruto de uma cabeça leve e dedos ligeiramente descordenados.isso me traz á consciência que devo ter tido bem mais vinho do que massa.
Devo dizer que, escrever nessas circunstâncias é algo temeroso mas ao mesmo tempo um prazer.
Faço isso com ssatisfação pois, apesar de não depender do álcool para que minhas ideias aflorem, confesso que minha cabeça zonza as faz fluir com uma facilidade rara.
Acabo de lutar tenazmente com uma rolha impedernida e a venci por pouca margem a custa de uma camisa branca manchada de pelo líquido tinto.
Informações que recebi durante o dia voltam vigorosas sem minha permissão e, mesmo assim, deixo que venham.
Lembro de uma conversa estendida por boa parte da manhã com uma jovem mulher que me contava sobre as mudanças trazidas pela chegada da vida adulta, ou de ouvir um sermão de minha flor por demorar a chegar, lembro-me dos olhos de ressaca( e isso não é algo novo), de uma boa amiga, algo magoada ao iniciar o dia.
Engraçado perceber como minha digitação nesse momento é errática mas muito mais ágil e desenvolva. É fácil perder as rédeas do juízo e deixar que os dedos falem antes da razão.
O vinho é bom e saboroso mas ao mesmomo tempo, perigoso uma vez que destrava as amarras da discrição, (entenda-se a língua)e potencializa os defeitos já mal disfarçados.
E agora assalta-me o receio de possa ter dito algo que não devia mas, ao mesmo tempo o prazer por ter ficado diante do teclado do computador sem freios, prúridos ou restrições.
Dito isto, confesso: A jovem mulher era bela e me fez lembrar do homem que um dia fui e às vezes acho ainda sou.
Minha flor me exasperou mas ainda assim, me fez lembrar que a vida sem ela não vale a pena. E que, os olhos mal dormidos de minha amiga, a tornam ainda mais bonita.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sunny Road

Um vídeo muito bonito de Emiliana Torrini
Dedico esse ao meu velho amigo/irmão Leandro e seu inseparável Michel.
Achei a cara da Daíse também...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Flor do mal


Ainda que lance minha voz ao vazio e não seja ouvido, meu amor vai chegar a teu coração ateu.

Ainda que meus olhos procurem em vão, e em vãos, meu pensamento já te trouxe aqui.

Ainda que teu perfume anuncie tua presença ausente, teus passos já ouço tão perto.

Ainda que não existas, tua lembrança sempre chega em noites insones.

Ainda que chovas ao meio-dia, os sóis da tua retina brilham à meia-noite.

Ainda que desabroches na primavera, colherei tuas lágrimas no inverno.

Ainda que não me reste mais sentimento, te amarei até o fim.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O sonho e o beijo


E aí eu sonhei com ela.
Que coisa, fiquei com o sonho me martelando o juízo pelo resto do dia.Fico pensando naqueles momentos perfumados com cheiro de manhã de sol e orvalho da madrugada.
Lembro que cheguei a uma varanda, eu acho, e lá estava ela, tão linda, brilhante, tão bonita! Ela sorriu. Bom, no meu sonho era natural que sorrisse.
Lembro que falei do meu desejo por aquele encontro, dos receios óbvios, de como era difícil esquecer de seu olhar, das horas sem fim a esperar que ela aparecesse.
Ela me respondeu com aquele olhar que torna palavras redundantes, sorriu e me desarmou.
Mais uma vez aquele perfume de orvalho. E então havia os lábios. A sensação daqueles lábios foi tão inebriante que tive de acordar.
Acordei pra que não fosse tragado para as profundezas do sonhar, levado de bom grado pelos encantos de uma sereia sem rosto ou não. Alguém que, como diz a canção, nem às paredes confesso.
Era você.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O caminho de volta


Eu conheço essa vontade de sumir,
Deixar todo mundo falando sozinho,
Traçar meu próprio caminho,
Que ninguém me diga o que fazer.
Cansei dos conselhos do mundo,
De como ele me impinge convenções,
Do politicamente correto doloso,
Das amizades maquiadas.
Eu conheço esse amor de prateleira,
Que a gente consome e esqueçe,
Que nunca satisfaz,
Faz que é verdadeiro como nota de três.
Cansei dos sorrisos de isopor,
De pessoas que amam e atraiçoam,
Da embriaguez de vaidade,
Cansei e quero retornar.
Voltar aos dias luminosos,
Do sorriso generoso e solar,
E mesmo que uns não queiram,
A esperança há de raiar.
Eu conheço a malícia,
E agora que sei, me arrependo,
Essa doença da alma,
Não quero para mim.
Eu conheço o caminho de volta,
Essa velha estrada,
Que há tempos deixei,
É a vereda que devo seguir.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Lembranças neopoéticas


Este foi um dos primeiros poemas que publiquei no extinto blog Neopoesia, em meados de 2002. O Neopoesia foi uma iniciativa muito legal de um grupo de amigos que se propunha a escrever um poema por dia! Foi um período rico em ideias.

Poeminha

Clarinda, a florar,
Florinda, a clarear,
Se floriu, clareou,
Pois clareou e não floriu?
Claramente florindo está.
Se clareia, há de florescer,
Florindo pois, clareará.
Flores, florem,
Não clareiam
Mas se não,
Como florir?
Se não floresce,
Clarinda não clareia.
Agora, se clarear,
Certamente, Florinda há de florir.
É como florear a clareira
Ou talvez clarear a floreira
A clareza de Clarinda
Floriu em Florinda.
Pois se Clarinda florisse,
Florinda, clarearia.
E tu, clarearias
Se, simplesmente florescesses?