
Outro dia, arrumando uns papéis em casa, encontrei o original deste texto que escrevei no início dos anos 90, depois de uma experiência musical com meu mano velho Leandro, o capitão do Projeto Igor(essa é uma outra história...), onde testávamos letras para uma canção que se chamou "Longitudinais" e depois mudou para "Os novos deuses".
Essa letra eu escrevi só de inveja mesmo! A letra oficial ficou tão boa, que só o que mudou foi o nome da música.
Na verdade, a letra ficou tão legal que resolvi escrever algo parecido, com um clima parecido.
Oitavo
planeta verde de latitude distante,
quem te vê nem imagina, a tua face escondida, conspira,
e a tua sombra longínqua, contempla,
o cavalgar dos cometas azuis, errantes,
disfarçam tuas lágrimas incandescentes,
que não se secam, nem queimam,
o juízo instantâneo e eterno,
onde dormem gigantes esquecidos,
quimeras em profundezas abissais,
sereias siderais, aprisionadas no altar,
entre vales e desertos de gelo e névoa vermelha,
descansa tua cabeça da coroa de estrelas,
que iluminam teu caminho e mergulhe,
na escuridão sem fim de teus olhos,
negro azeviche, opaco, impenetrável,
frio, só,
e então retorne de seu sono,
ofega teu cansaço no peito do teu oponente,
de cores azuis, de espaço blue,
acima do firmamento,
quietude, solidão e a dor,
que não se esquece nem se deixa,
sua silhueta negra te espera,
para o esquecimento,
a vida, outra vez,
exige, a paga, o preço,
tua moeda de prata,
para a travessia,
sem fim,
sem destino,
sem volta.